Ulysses Bôscolo
Coleção Risco Imanente
Editora Instituto Çarê; Letra da Cidade
Ainda que a convenção e a tradição sejam outras, o desenho nem sempre é um começo. Além de meio, pode perfeitamente ser fim. Como linguagem, encerra um mundo de possibilidades, que encontram nele sua forma acabada. É sobre esse desenho-fim que a Coleção Risco Imanente se detém. Série de pequenos volumes monográficos, pensados para chegar a públicos mais amplos e diversos que aqueles a quem se destina boa parte dos livros de arte, ela descortina a poética de artistas que têm no desenho seu universo referencial. Ou que, como Ulysses Bôscolo, escolhido para abri-la, veem o desenho emergir, com força incontornável, de uma prática inquieta, experimental, fincada em outras linguagens.
A relação com o desenho orienta o recorte da produção de Bôscolo que figura nestas páginas, organizado em torno de núcleos temáticos ou séries de experimentações formais. É dela, também, que o artista e professor Claudio Mubarac trata no breve ensaio “Uma educação pelo traço”, seguido por um glossário que introduz o vocabulário da gravura e do artista. Ao equilibrar fruição e reflexão, a coleção quer aprofundar a experiência, no leitor, da singularidade de cada prática e da potência do desenho. Reafirmando a missão do Instituto Çarê, a coleção abriga produções brasileiras relevantes — segundo uma ótica que nada deve à voracidade do mercado — e abre o campo à sua volta para o contato e a troca.