O Instituto Çarê identifica, preserva e amplia o acesso a acervos, apoia a pesquisa, fomenta produções artísticasmusicais, e promove um modelo inclusivo e plural de educação e convívio.

Çarê quer dizer broto ou raiz para o povo Caiapó do Sul, palavra que carrega o propósito do Instituto Çarê de semear produções culturais brasileiras e oferecer uma base sólida para seu crescimento, preservação e disseminação.

A abordagem tradicional da cultura reserva a poucos o poder de definir, “oferecer” e “instruir” sobre ela. Como resultado, muitos artistas, músicos, autores e outros criadores, bem como públicos diversos, não são incluídos. Práticas como a entrada gratuita ou a preço reduzido são insuficientes para os aproximar, pois mesmo os museus e exposições que as adotam são frequentados, principalmente, por pessoas brancas, de classes privilegiadas e com maior escolaridade¹.

A cultura é feita por e para todas as pessoas. Por isso, o Çarê trabalha para fortalecer produções negligenciadas e derrubar as barreiras que impedem alguns segmentos da população de participar plenamente da vida cultural, que é fundamental para o desenvolvimento individual e coletivo.

De portas abertas, a sede do Instituto Çarê, que abriga sua programação e seus núcleos de ação (Acervo, Apoio à Pesquisa, Artes Visuais, Educação, Música e Pesquisa), busca ser verdadeiramente acolhedora e inclusiva, para que pessoas plurais possam criar, acessar e apreciar múltiplas manifestações culturais.

História

Fundado em 2019, o Çarê é uma associação civil privada sem fins lucrativos que tem suas raízes no Instituto Acaia. Nos anos 1990, a artista Elisa Bracher estabeleceu seu ateliê na Vila Leopoldina, em São Paulo, e enfrentou desafios na integração com as comunidades locais. Para superá-los, Elisa passou a convidar crianças e adolescentes do bairro para atividades artísticas no ateliê, o que marcou o início das ações do Instituto Acaia.

Em 2017, com sua transformação no ateliescola acaia para atender aos padrões da educação infantil e do ensino fundamental, surgiu a oportunidade de criar um instituto dedicado a projetos que fossem além do formato escolar. O primeiro deles foi a concessão de auxílio a músicos de importância histórica em situação financeira vulnerável.

Espaço

A localização e a estrutura do Instituto Çarê refletem seu compromisso com a ampliação dos públicos e do mapa da cultura em São Paulo. Com grande parte dos equipamentos culturais no centro da cidade, bairros como a Vila Leopoldina seguem à margem desse panorama.

A região é marcada por disparidades: abriga condomínios de alto padrão, conjuntos habitacionais, como o Cingapura Madeirite, e áreas de favela, como as da favela do Nove e da favela da Linha, além de registrar um número significativo de pessoas em situação de rua. Apenas uma pequena parte da população é composta por pessoas negras. Ainda assim – ou por isso mesmo –, o bairro é um dos mais afetados pela violência racista e pela injúria racial, e apresenta alta proporção de abandono escolar no ensino fundamental da rede municipal².

Em breve, o Çarê se tornará um complexo cultural com espaços expositivos e de acervo, teatro, sala de música e biblioteca, entre outras instalações. O Çarê almeja ultrapassar modelos arquitetônicos e de funcionamento alheios às particularidades locais, desafiar práticas segregacionistas, e combater o estranhamento e a exclusão, promovendo a cultura e a educação de maneira diversa e inclusiva.

¹ (Hábitos Culturais 2023, Fundação Itaú e Datafolha; Relatório de Gestão 2022–2023, Fundação Bienal de São Paulo)
² (Mapa da Desigualdade 2022, Rede Nossa São Paulo)

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