Cotidiano, imaginação e paisagem
Galeria Estação, 20 anos
Cotidiano, imaginação e paisagem
Galeria Estação, 20 anos
Sobre
O escultor Alberto Giacometti dizia que não fazia cabeças para criar arte, mas para ver e entender o que via. Se a arte é uma forma de transformar o mundo, dando a ele novas visualidades, também é construir objetos que ajudem a compreender nosso entorno em profundidade, conciliando realidades e sonhos com o mundo onde vivemos.
É o que faz Jadir quando constrói, com a matéria mais quente e original de seu entorno, a madeira, relações entre orixás e o mundo que habita. Ou o Véio, que cria imagens oníricas e depois as recobre com cores, dizendo: “prefiro minhas esculturas sem pintura, mas elas vendem mais coloridas”.
Qual a diferença entre Giacometti e Jadir, Véio e muitos dos artistas que aqui expõem? Como Giacometti, acredito, tampouco eles iniciam suas construções na intenção de fazer arte. Partindo de si mesmos e das relações com as pessoas de seu mundo, investigam sua paisagem através da construção de formas, utilizando-se de seus instrumentos cotidianos de trabalho.
Descobertos pelo mercado, são bombardeados por exigências externas a seu trabalho; em geral, regras que não fazem parte de seu riquíssimo repertório cultural. Suas obras são muitas vezes consideradas artesanato ou arte popular.
Nesta mostra, podemos ter contato com algo raro no mundo comercial da arte; algo que não é a plástica resultante da valoração mercadológica. Se, além do olhar que conforma a forma, pudermos envolver outros sentidos que temos, decerto entenderemos que esses trabalhos são fruto da busca de integrar mundos e ancestralidades presentes em todas as obras de arte que apreciamos.