As mais belas borboletas
Ulysses Bôscolo
As mais belas borboletas
Ulysses Bôscolo
Sobre
Uma palavra é recorrente nas falas de Ulysses Bôscolo: ignição.
O desenho é uma combustão, a gravura pode ser um gesto também intrusivo em suas repetições e a cor guarda uma relação vulcânica no ato de sua fabricação, quando esfria em contato com as superfícies.
Parece sempre estar dizendo que as figuras nascem dos atritos, das fissuras que nosso olhar produz sobre as coisas do mundo, e que é da parte do fogo que vem a energia para o desempate das volições. São fogos-fátuos tecendo um discurso fabuloso, iluminando regiões de cegueira.
O desenho é também um modo de guardar o ausente; e, nessa detenção, a viscosidade da matéria cria aderências inusitadas para as coisas do mundo, para o continuum da invenção do desenhista.
A forma depende do trânsito para ser viva, para recolocar sua mira constantemente. Assim, todo desenho tem sua cinese.
Nessas transições, na observação desses atravessamentos, no que compete à construção, tudo é aparentemente arbitrário e intercambiável, mas na verdade vive em estado de premência.
Desenhadas, gravadas e impressas sobre papéis de diferentes origens, as figuras que aqui estão reunidas navegam em direção a uma biblioteca, onde os livros estão permanentemente abertos, com as páginas batidas por ventos e visadas.