
Exposição
"O peso da linha"
De 16/09 a 15/11 no Instituto Çarê
Entrada livre
O Instituto Çarê convida você para a exposição O peso da linha!
A exposição marca a finalização de um processo disparado por meio de encontros de conversas, reflexões e prática de artes realizados desde abril na sede do Instituto, sob o comando da artista visual Eneida Sanches. Participaram das atividades 11 artistas da Grande São Paulo selecionados, por meio de chamamento, pelo Núcleo de Artes do Instituto e pela artista convidada, com base em critérios como diversidade racial e de gênero, originalidade, sustentabilidade, manualidade, ancestralidade e disponibilidade para o fazer coletivo. Esse ciclo de trocas teve como proposta mergulhar em temas como território, identidade, pertencimento e memória.
“Para mim, o mais importante é que a gente construa um espaço de investigação da linguagem de cada um. Cada uma dessas pessoas mergulha em si e ao mesmo tempo reafirma a sua linguagem para poder dar continuidade a essa linguagem”, compartilha Eneida. “O que pra mim foi fundamental foi trazer algo que eu aprendi ao longo desse meu próprio processo. Uma relação lúdica, uma relação investigativa, e ao mesmo tempo uma relação com a crítica. Não no sentido de destruir, de criticar negativamente a tua percepção de algo que quer existir, mas a crítica no sentido de estruturar, de cuidar das formalidades da construção de uma obra. E esse processo a gente só faz em ateliê, exercitando de cara com o trabalho”, completa.
Os encontros foram realizados no ateliê/espaço expositivo do Çarê e os participantes tiveram acesso a todos os materiais necessários para o desenvolvimento das obras. O peso da linha reúne criações assinadas pelos artistas Agbekẹ Ọla, Altimar Rocha, Caio Ananias, Deusvaldo Pereira, Gabe Samuel Alves, Marla Rodrigues, Nat Rocha, Prudencia, Sebá Neto, Seleste e Vanessa Monteiro.
“A iniciativa dos encontros tem como objetivo promover o fazer artístico, valorizar a oralidade e a presença para mergulhar nas pesquisas individuais e coletivas, fundamentadas na troca de saberes”, comenta Gabi Mariano, coordenadora do Núcleo de Artes do Çarê. “Entendemos esse percurso como uma oportunidade de promoção da diversidade de expressão e de olhares plurais sobre a cultura viva produzida no Brasil, incentivando o fortalecimento de artistas e coletivos comprometidos com seus territórios e com as práticas sociais em diferentes contextos”, completa.
Conheça um pouco mais sobre a curadora Eneida Sanches e os 11 artistas que compõe O peso da linha:
Eneida Sanches
Sua pesquisa e sua prática iniciais partem de elementos ritualísticos de uso litúrgico do candomblé iorubá e de símbolos e narrativas das estéticas africana e afro-brasileira. A partir de 2000, explorando sobretudo o tema do transe, trabalha a gravura em um campo expandido, como base de objetos e instalações. Premiada no 24º Salão de Artes MAM Bahia (2007), participou da 12ª Bienal do Mercosul (2020) e de residências artísticas na Holanda, Portugal, Tanzânia e Estados Unidos.
Agbeke Ola
Sua investigação artística aborda uma conexão espiritual com os ensinamentos e vivências de seus ancestrais na diáspora, mesmo com tantos atravessamentos e temporalidade. “A ideia do trabalho”, diz o artista, “é essa conexão entre céu e terra; o que a gente vive pedindo à ancestralidade, ao que está num campo sensorial.”
Altimar Rocha
Pesquisa temas como memória, cidade, ancestralidade e presença a partir de experiências pessoais, apagamentos culturais e da força simbólica dos materiais cotidianos. “Venho com esculturas de ferro inspiradas nos Adinkras. Mas o resultado final são armas pontudas e com ferrugem, que vêm na estética da proteção, mas em uma nova escala, que é a de você se defender.”
Caio Ananias
Atua em um território de múltiplas culturas e, nessa terra fértil, encontra a ideia da valorização e da devoção à ancestralidade. “Eu me descobri artista muito cedo. Mas por n motivos, principalmente sociais, a gente acaba indo por outros caminhos, para se manter. Mas conforme me envolvia com projetos que não eram artísticos, eu me via muito incompleto.”
Deusvaldo Pereira
Natural do Piauí, vive em São Paulo. Desde 2018, usa a fotografia para documentar o cotidiano da favela do Nove, como forma de contar sua história e a do seu povo preto. “Meu intuito é que, com essas imagens, as próximas gerações possam estudar a história da favela viva”, diz. “E que ela nunca possa ser apagada.”
Gabe Samuel Alves
Parte do aporte teórico de estudos em que o corpo negro é visto não só como um organismo biológico, mas também como tecido social, cultural e sagrado. “Eu tenho como eixo de pesquisa esse corpo negro que é índice, ícone, símbolo”, diz.
Marla Rodrigues
Artista e arte-educadora, interessa-se pelo diálogo entre palavra e imagem. Realiza “coletas do cotidiano” usando o desenho e os encontros para ouvir memórias. “Sinto que estou sempre criando uma espécie de cartografia, a partir de objetos, de palavras, de escutas, de retratos da cidade”, diz.
Nat Rocha
Transitando entre linguagens, a periferia e o centro de São Paulo, sua produção poética parte da apropriação de restos urbanos e da terra como modo de ressignificação do precário. “Aqui no Çarê, dei continuidade à ideia de fazer redes de balanço. Eu acho que é uma série, e se chama Longe da cidade dormitório.”
Prudencia
Artista visual, tem como principal expressão a cerâmica. Sétima filha de imigrantes bolivianos, pesquisa a terra em sua materialidade, poética e memória. “Essa residência foi muito importante para focar no processo artístico da pesquisa com a linha. Resgatei esculturas que fiz em 2015 e comecei a produzir outras. É algo que ainda não sei nomear, mas uma pulsão verdadeira.”
Sebá Neto
Artista paraibano, sua produção transita por fotografia, gravura e livro de artista, em uma pesquisa voltada para questões como memória, paisagem e suas interseções poéticas e políticas. “O contato com a Eneida e os colegas me fez querer investigar questões relacionadas a um passado ancestral da minha família, que tem uma história fragmentada, porque meus antepassados eram andarilhos do sertão.”
Seleste
Começou nas artes visuais em 2018, pelo grafite, campo em que segue até hoje. Pesquisa a relação entre Brasil e África, retratada da perspectiva de corpos pretos. “Eu me descobri artista através da minha mãe, que trabalhava com artesanato. E aí, conforme sobravam restos de materiais, eu ia criando, desenhando”, conta.
Vanessa Monteiro
Trabalha com pintura, colagem e experiências em arte têxtil, compondo uma poética visual que passa por narrativas autobiográficas, migração, memória e questões sociopolíticas. O trabalho que desenvolveu durante a residência é “um estandarte com reflexões sobre a morte, a vida, e também sobre o tempo e a impermanência”.
O peso da linha
Curadoria
Eneida Sanches
Identidade visual
Thomás Coutinho
Montagem
Tato Blassioli
Cenografia
Rafi Achcar
Grafite
Danilo Juliano
Coordenação editorial
Teté Martinho
Revisão
Regina Stocklen
Assessoria de imprensa
Amanda Lima
Making of e depoimentos
Bruno Peixoto
Rayssa Cordeiro
Fotografia
Ana Pigosso
—
Serviço
Exposição “O peso da linha”
Evento de abertura: 13 de setembro de 2025, das 11h às 15h
Temporada: de 16 de setembro a 15 de novembro de 2025, das 10h às 17h
Local: Instituto Çarê (R. Dr. Avelino Chaves, 138 – Vila Leopoldina, São Paulo – SP, 05318-040)
Mais informações: somos@institutocare.org.br